In other words - hold my hand

Eu me lembro muito bem da primeira vez que as observei: sobre a mesa, envolvendo delicadamente uma xícara branca de café. Lembro-me exatamente, principalmente devido a minha falta de jeito em nosso primeiro encontro, amor, lembra? Eu não conseguia encarar você muito, eu desviava os olhos covardemente para baixo. De primeira, obviamente, meus olhos foram parar no decote da sua blusa, um pouco aberto demais, deixando-me ver sem querer algumas partes do seu corpo e do seu sutiã, dando um ar de certeza do muito além do que se vê.

Eu não pude parar ai, porém, uma vez que tudo naquele corpo divino me era uma promessa de que havia muito mais. Foi então que me deparei com elas. Ah, eram puro delírio ambas aquelas mãos: pequenas, delicadas, femininas. Na direita, uma singela cicatriz cruzando três dedos, marcando-a, mais uma vez, como única neste mundo. Observei aquelas mãos ininterruptamente neste dia, elas se moviam com destreza, com leveza, hipnotizavam-me, como uma entrada para um mundo novo, completamente diferente, com as duas ali, anunciando, me chamando, me encantando.

Imagine, pois, quanto não foi o meu êxtase no dia em que nós demos as mãos - os nossos dedos se misturando, se entrelaçando, o calor de nossas mãos sendo dividido, a maciez da textura da sua mão na minha. Em qualquer outro momento, dar as mãos seria indiferente e comum, mas com você, minha menina, os pensamentos são incontroláveis, os sentimentos se elevam e tomam proporções indefiníveis. Tudo o que é romance, ao seu lado, se confunde em desejo e vice-versa.

Quando você segura forte a minha mão, eu sinto as bochechas esquentarem, o coração bater mais forte e meu desejo é unir nossos corpos num abraço interminável com toda a entrega e paixão que cabe em mim, como uma criancinha bonitinha, unir nossos lábios em um beijo lindo e demorado, olhar no fundo dos seus olhos e decorar os detalhes do seu sorriso. Ao mesmo tempo (e como é possível não me pergunte), minhas pernas tremem, meu corpo deseja as suas mãos e o seu corpo com toda a impureza que em mim cabe. Eu quero me declarar sua pra sempre, com uma paixão desvairada, lhe consumir até que não tenhamos mais forças. Estes sentimentos, apesar de parecerem tão opostos, vêm de uma vez só, como uma só coisa densa, atingem de uma vez, fica um nó na minha garganta, um frio na barriga que não me deixa comer nunca mais.

Todos os incríveis segredos que você guarda na pequenez de suas mãos só é possível notar com os olhos de loucura dos que amam verdadeiramente. Você é toda amor, toda paixão e toda prazer. Eu só faço me render aos seus infindáveis encantos.